Peixe de Aquário

14 dezembro 2006

um poema alheio

A foto é do Tiago Macambira.

A minha mais querida turma de amigos é o povo da Academia de Letras, viva ainda dos idos 199.. na época em que fazíamos Direito. Apesar do esteriótipo mais comum ser sobre pessoas sérias, sempre mostram o quando atrizes e maloqueiristas são tímidos perto de suas ações avassaladoras por aí. E graças a deus continuam uns malucos até hoje e grandes culpados de muitas coisas que faço ou escrevo.


Em 2005 criamos um troço que era o MANIFESTO DA POESIA ALHEIA (o yahoogroup não me permitiu recuperar o texto original). A idéia é simples: pega-se um texto e faz-se um poema chupinhando tudo o que for possível do original, de preferência mantendo-se frases inteiras. O que é deveras original em épocas de creatives commons e outras liberalidades.


O Paulo M fez um a partir da leitura de um texto que a Cristiane Lisboa postou hoje. Ficou legal, para você:


fui dama de honra

oito ou nove vezes
(sempre variando
entre o cabelo chanel liso
e cachinhos presos
por tiaras de fitas de cetim).

as noivas me disputavam:
eu tinha um guarda-roupa
exclusivo para casamentos
e luvas de voal branco.

havia fotos minhas
em quase todas as casas
da cidade.

pessoas me comprimentavam na rua
e desconhecidas me queriam
em seus casamentos.
(jamais tropecei no tapete vermelho
ou esqueci as alianças).

aí, comecei a usar sutiã.
e descobri que a fama é volátil
como pó de tatu bola.

8 Comentários:

  • Adoro a poesia alheia, especialmente a parte de se apropriar do texto alheio sem remorsos nem dilemas!

    Beijo

    By Blogger Fábio Aristimunho, at 5:16 PM  

  • Ó o Paulo M. tratando a prosa da Cristiane como se fosse de sua própria pena...hahahá.
    Gostei do resultado.

    Besitos, Ana! Achtung.

    By Blogger Carol M., at 7:45 PM  

  • Oh!
    Ana,

    Ontem postei no meu blog um trecho do distúrbio eletrônico, do critical art ensemble. http://www.critical-art.net/
    Fala sobre as palavras.
    e eu pergunto sobre as imagens.

    beijos

    By Blogger bio, at 10:38 AM  

  • Adorei isto. As palavras estão todas ali, não mudou nem uma vírgula. Mas o texto é outro, novo, estranho aos meus olhos. Lindo.
    Gracias, Paulo. E fique a vontade, viu?
    :)

    Cristiane Lisbôa

    By Anonymous Anônimo, at 10:52 AM  

  • Há! Eu adorei a idéia..
    sempre quis fazer isso, agora acho que vou por a mão na massa.
    Tenho uns textos muito bons aqui guardados e vou reutiliza-los pra escrever uns poemas.

    Isso acabou de me lembrar do filme Encontrando Forrester. O menino Jamal usa o primeiro parágrafo de um conto do Forrester e daí começa as escrever usando suas próprias palavras.. show de bola. (já chorei muito nesse filme)

    By Anonymous Anônimo, at 11:47 AM  

  • Manifesto da poesia alheia publicado no dragão! Não se pode fazer a verdadeira poesia alheia sem respeitar suas regras milenares!

    Beijos!

    By Blogger Geraldo, at 12:09 PM  

  • Obrigado, Cristiane. A Poesia Alheia é garimpada no mundo (como você poderá ver no Manifesto, que tá no blog do GG), daí que, se a jazida for boa, fica mais fácil. Vou voltar mais vezes ao seu blog.
    Beijos para você e para AnaR.

    By Anonymous Anônimo, at 5:25 PM  

  • A poesia alheia já me proporcionou bons achados, um dos melhores é este aqui:

    http://medianeiro.blogspot.com/2006/08/o-evangelho-segundo-praa-roosevelt.html#links

    Se bem que eu acabei mexendo nele depois e se afastou do texto original, mas o que vale o é o resultado.

    a/b

    By Blogger Fábio Aristimunho, at 7:22 PM  

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