Lugar Comum 19: Pré-adolescência

Eles dizem
Durma bem
Acorde cedo

os prédios formatam a luz em riscos
as ruas são retas e engarrafadas
as pessoas evitam assuntos

E ela tem enxaqueca
tem perguntas no meio das pernas, tem pesadelos
suas coxas acordam aos berros no meio da noite

e ela recebe trocos para ir ao cinema toda a semana






Foto: Diego Carreira clique aqui para ver outras lindas


Amanhã irei ouvir o Marçal Aquino, projeto Território Livre da Rato de Livraria. Vamos? 17h, R. do Paraíso, 790, São Paulo.

Sèrie Alfa

[Corria os espetáculos e bailes, com o olhar rastejando para descobrir por baixo
da orla do vestido o ignoto deus de suas adorações.]

frase sobre A Pata da Gazela do Alencar - retirado do Manual do Podólatra Amador - lançado hoje do Glauco Mattoso (fui com o Del!).

Poetas Americanas nascidas a partir de 1976

E fui publicada em catalão junto com várias outras poetas americanas na revista eletrônica sèrieAlfa, curadoria do maravilhoso Joan Navarro:

Amèrica! [Panamericana. Poetes americanes nascudes a partir de 1976]

O número 14 [Fluxo de linguagem] já trouxe 20 poetas brasileiros contemporâneos, um trabalho raro de divulgação e de pesquisa. Sorte nossa.

parada

(ERRATA: a Virna e o Marcelino, dessa vez em pessoa, me disseram que o CAPIBARIBE NO TIETÊ é hoje mesmo, purpurinado e tudo. daqui a pouco vou lá)

2 poemas já que fiquei trancada em casa enquanto essa cidade se punha nas cores do arco-íris:




Voyeur

para ana e tânia

A pele junto à pele. O corpo junto
ao corpo. Duas bocas hesitantes
simulando a certeza dos amantes:
matéria que se faz um só assunto
para os olhos. Um todo a outro adjunto
(quase dois num só), páginas dançantes,
se fazem ver por quem em volta – antes
que mãos leigas desfaçam o conjunto.
Ver, porém não tocar: olhar, apenas.
Imaginar seus pêlos loiros frente
a frente, arrepiados, às centenas.
E ver-se prisioneiro repentino
daquela espera inútil mas crescente
por um beijo todo ele feminino.


de Fabio Aristimunho Vargas, in Medianeira
Quinze & Trinta Edições



as consciências de tania

corações de pelúcia cor-de-rosa distribuídos
espumas
ao sol do meio dia na avenida enxameada
tonturas
com confetes, risos e quedas moles
alturas
a tal da pink plush dancing


muito tempo depois
recebeu no escritório begônias laranjas com contornos bem definidos.


(publicado no "Rasgada", Quinze & Trinta Edições)

Happy Bloomsday! e outros tantos

"Come!"

No! No! No! It was
impossible. Her hands clutched the iron in frenzy. Amid the seas she sent a cry
of anguish.

"Eveline! Evvy!"

He rushed beyond the
barrier and called to her to follow. He was shouted at to go on but he still
called to her. She set her white face to him, passive, like a helpless animal. Her eyes gave him no sign of love or farewell or recognition.

(meu predileto) do conto Eveline, Dubliners, James Joyce

Iremos!: 19ª edição do Bloomsday São Paulo! Finnegan's Pub

2) Ah, sim, poemas velhos em: http://www.germinaliteratura.com.br/arusche.htm

3) ainda bem que o Marcelino avisou: o evento CAPIBARIBE NO TIETÊ, organizado pelo Pedro Américo, que reúne vários queridos pernambucanos foi adiado por conta da Parada Gay (que por sua vez foi antecipada pelo jogo do Brasil):

Nova data: 17 de junho, 19h às 21h30, Casa das Rosas – SP
Convidados: Frederico Barbosa, Fabiano Calixto, Lirinha, Marcelino Freire, Marcius Cortez, Maria Alice Amorim, Micheliny Verunschk, Pedro Américo de Farias e Xico Sá.

4) Entrevista relâmpago com Virna Teixeira no blog do Marcelo Ariel - Teatro Fantasma.

pequenas alienações: a ciclista pela manhã

ao Mario Rui

é nas rodas de um moinho
que se maceram os destinos

dando mais um volta
que volta no quarteirão

para avistar novamente

par de pernas pedalada
nos pés de olhos puxados

que movem meu mundo
nas coxas de banho tomado

FLAP 2006! Embates

No melhor espírito rasgada, já posto um "aguardem": a FLAP 2006 vem aí!

O tema desse ano é "Embates" e pretendemos juntar muito escritor, crítico, professor para discutir onde andamos e para onde vamos. Assim que fecharmos a programação, posto novamente.

Rio de Janeiro: dias 22 e 23 de julho

São Paulo: dias 29 e 30 de julho

Entre na Comunidade no Orkut: FLAP 2006 - Eu vou!

Infos no www.ProjetoIdentidade.org

Dia dos Namorados

Algumas fotos do Recital organizado hoje na Casa das Rosas: Annita Costa, Elisa Andrade, Ruy Proença, Fred Barbosa, Virna Teixeira, Donizete Galvão, Donny Correa (cuja foto o blogspot se recusa a postar) e esta que vos escreve. Casa cheia, muita concentração. Destaque para a Virna que rejeitou o amor - metaforizado na leitura dramática como repolho misturado com caqui - e para a homenagem do Fred Barbosa ao Eduardo com a leitura de "ovo".

Deixo também dois poemas: Francisco Alvim, lido pela Annita, e um sem título dessa mesma.

Leopoldo

Minha namorada cocainômana
me procura nas madrugadas
para dizer que me ama
Fico olhando as olheiras dela
(tão escuras quanto a noite lá fora)
onde escondo minha paixão
Quando nos amamos
pelo que me bata
me maltrate fundo
pois amo demais meu amor
e as manhãs empalidecem rápido

Francisco Alvim

[sem título]

o amor não terá sido mais do que uma marca
indelével
no lençol de pontas esgarçadas
enquanto me visto preocupada com o horário
e o tempo não abre
não, o amor não terá sito mais do que
uma leve pegada na neblina
e a espera de um telefonema
o amor não terá
uma sobra
na minha agenda
deste ano
porque jogo as páginas
dos dias que vão passando
e não o amor

se de fato era isto o que foi
ele não vai me ver atrás da porta
dispensando alegria ou dias novos
porque não era isto que era para ser
neste dia encoberto
que ameaça desabar sobre mim
o amor
não terá sido amor, por um instante
não era o que se esperava
e aqui resta um corpo
que usava ser meu
repetindo hábitos automáticos
à espera de meu próprio retorno

e espero
retornar de olhos vazios

Annita Costa Malufe

aquário

você ondula pelos carpetes para os vizinhos
com os cabelos crespos esticados
com os quadris magros pela moda

para as janelas, eu te sento com os cabelos em rédea
te bato, te cuspo

em si mesma
te transformo

em mucosa
em anêmona

Mia Couto foi ótimo, no Olokum consta um ditado moçambicano que nos ensinou. O papo na seqüência também foi bom, muito mais longe dali, com o Gus, Caco e Berimba, sobre muitas outras coisas.

La ciudad de Nuevo Laredo

tem muros velhos, dívidas
e grandes esperanças

poucas léguas do que pasa en el paso

siga o coyote
tão longe de deus

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Ponto de Encontro: e vamos ver o Mia Couto (moçambicano) no Sesc Vila Mariana - SP, 20h, na 3ª-feira?...

o salto é prenhe de queda

Mãe!





Não se apegue a objetos de porcelana.