Peixe de Aquário

23 dezembro 2006

O Peixe mudou de Aquário: agora é .zip.net

Sim, mudamos de endereço: http://peixedeaquario.zip.net
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Mas todas as mensagens de 2006 estão armazenadas aqui.
Obrigada pela visita e te aguardo no novo endereço!
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22 dezembro 2006

Perguntas para Políticas Públicas de Literatura

Ontem rolou uma reunião na Casa das Rosas com o povo do Literatura Urgente. Presentes: Ademir Assunção, Andréa del Fuego, Claudinei Vieira, Cláudio Daniel, Edu Rodrigues (com os Tulípios!), Fred Barbosa, Gegê, Índigo, Ivana Leite, Marcelino Freire, Thiago Novaes, Vanderley Mendonça, Victor del Franco, Virna e esqueci alguém com certeza...

Na realidade a idéia não era fazer uma grande reunião, mas sim ouvir do poeta Sérgio Alcides os relatos de como anda a elaboração do projeto sobre Política Pública para a Literatura, que será incluído no Plano Nacional de Cultura. Agora a partir dessas informações, podemos pensar os próximos passos, aguardem!

O Sérgio então fez um relato minucioso sobre a oficina que ocorreu em Brasília (dia 5.12), com convidados externos, narrando-nos desde como foi feita a escolhas de tais convidados até os principias pontos discutidos. Por sua vez, o Marcelino contou como foi a reunião em Brasília na Câmara Setorial (sic) como representante do Movimento.

Aí vão algumas questões levantadas:

  • O resultado de uma bolsa de incentivo ser a publicação de um livro é legal? Será que é bom forçar o escritor a mostrar um produto ou os resultados da bolsa poderiam ser relatórios, palestras, visitas? E se o cara quiser mexer na obra depois?
  • Como seriam políticas específicas para cada região do país? Será que o incentivo à produção literária de maneira uniforme adiantaria? Muita gente de outros estados tem que se radicar ao “eixo” para conseguir produzir... ou não?
  • Qual a importância das livrarias de bairro ou de menor porte para a distribuição da produção contemporânea? As megastores conseguem dar conta dessa demanda? (... pergunta meramente retórica... e viva o Sebo do Bac, Livraria da Esquina e Rato de Livraria!)
  • É urgente que se faça um censo para apuração de quantos escritores temos no Brasil? Ou é uma pergunta sem senso?

A reunião acabou em samba (ah, artistas!) e na cerveja. Pergunta do segundo tempo que não quer calar:

  • O logo do Demônio Negro parece um gatinho?


21 dezembro 2006

A Melhor Foto de 2006



O Emir Sader já fez os melhores e piores do ano. E o Joca fez os livros e o Cronópios nos trouxe depoimentos.

Então, deixo a melhor foto que eu vi no ano (não sei nem se é desse ano, vejam bem): um trabalho da Alessandra Cestac, foto de João Wainer, em homenagem às trocas entre linguagens. Que já me rendeu um capítulo inteiro do romance – queria que fosse um poema, mas saiu em prosa. Quando estiver à altura, mostro para você.


Mais sobre a Alessandra Cestac

clique aqui para ir ao flickr dela


o tal assunto

(O Marcelino já disse que agora só volta na "primeira semana de março" do ano que vem, acho que essa atitude distanciada é que o faz ganhar o Jabuti, hahá. O que farei sem o blogue que me diz o-que-rola-onde em qq lugar do Brasil?!)

Essa semana os blogues estão preguiçosos... com menos atualizações, menos assuntos. Com exceção de um assunto muito caro a todos e esse então é o assunto hoje.

Que são as leis de incentivo a cultura e similares.

Como está um calor tremendo por aqui e uma loira já naturalmente é meio lerda para pensar, deixarei links abaixo de blogues queridos que se debruçaram sobre a questão, que foi levantada pelo tal Edital da Petrobrás:


O ISBN AINDA: como gira uma mística em torno da questão, decidi morder mais fundo. A lei que prevê a obrigatoriedade do ISBN é a Lei do Livro, lei federal n° 10.753 de 2003 em seu artigo 6°:

"Art. 6º Na editoração do livro, é obrigatória a adoção do Número Internacional Padronizado, bem como a ficha de catalogação para publicação".

Só que a referida lei não estipula sanção (ou seja, uma penalidade) em caso de descumprimento, nem a finalidade do tal registro... Meio mal escrita a lei, fazer o quê? Ou seja, se você é autor e quer distribuir seu livro em um circuito alternativo, não há nenhuma conseqüência em não pagar os tais R$ 140,00 – o livro seria uma mercadoria e pronto. Só que não se vende na Livraria Cultura, que exige o tal selo, assim como bibliotecas, etc. Pense em qual é o teu caso. E o selo também é uma forma de se ter controle sobre o que é publicado aqui, isso é importante.

Lembro que a proteção a direitos autorais independe de registro (como, ao contrário, as patentes e marcas que devem ser registradas no INPI), basta a obra ter sido publicada, conforme lei de direitos autorais - Lei n° 9.610/1998:

"Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro (...)"

O juridiquês e assuntos de advogados são muito chatos, mas tem que saber, é o nosso em jogo, não?! Fique então com um trechinho legal do Joca sobre o Edital da Petrobrás: na íntegra leia aqui


Mas notem que, assim como no PAC-SEC/SP, para que os autores possam se candidatar à bolsa, devem obrigatoriamente apresentar uma carta de editora atestando que o livro será publicado, caso esteja entre os escolhidos. Vejamos, outro pré-requisito para a inscrição no programa é a apresentação de texto com 50.000 caracteres com espaços (no caso de obra de ficção) ou 10 poemas (em se tratando de um livro de poesia).

Essa confusão entre a exigência de aval dado pelo mercado do livro (afinal, se uma editora garante publicação de um livro do qual conhece apenas 50.000 caracteres a coisa deve ser boa) em troca de receber parte da bolada (R$4 mil, que equivalem a 10% do valor da bolsa e que -- saliente-se -- não são suficientes para pagar os custos de uma edição comercial) apenas repete o equívoco do PAC (no qual não me inscrevi, por achar excessiva a parte destinada às editoras: 50% da bufunfa). E desde quando editoras (i.é., empresas pertencentes ao comércio e à indústria) têm de receber dinheiro do Estado? As leis de incentivo fiscal não existem justamente para esse tipo de situação? E se editoras recebem ajuda financeira estatal livre de impostos por que livrarias e distribuidoras também não recebem? Hein?

Não tenha dúvida de que acho o programa da Petrobras um passo tremendamente positivo para a produção literária do país e de que me candidatarei à bolsa: é claro que sim, estou louco para sair da fila do supermercado destinada a 10 itens -- aqui só tem chatos. Mas acho também que ainda falta afinar alguns detalhes do programa, limar ambiguidades e confusões e -- por que não? -- responder a algumas destas perguntas aqui. Tem mais: se você souber de algum programa de financiamento do BNDES para livrarias me avise, pois vou correndo abrir a minha.


A MUDANÇA DO PEIXE PARA A UOL: Sim, operaremos no http://peixedeaquario.zip.net em 2007, anote aí. Mas as bobajadas da vida literária e poemas todos continuarão as usual.

19 dezembro 2006

Lançamento: Os Satyros

Em 2007 o Peixe de Aquário estará na UOL: http://peixedeaquario.zip.net

(A vida hoje é cindida, muitas pessoas ficam por aí, sozinhas e separadas até de si mesmas, esquizóides que são um no trabalho e outro na vida pessoal, ou sonâmbulas entre cineminhas, shoppings, boates e a internet de madrugada – hábitos metropolitanos em que a amizade é tida como um mero contato, uma aproximação de indivíduos intimamente longes uns dos outros. E é estranho que o uso do blogue possa tentar romper exatamente a própria idéia que o alimenta: a de manter essas amizades tidas por social contact em um outro nível de encontro, talvez mais autêntico. Quem sabe?)

LANÇAMENTO DE LIVRO: Os Satyros. Devorei o livro do Alberto Guzik, Imprensa Oficial.

Na mesma noite do lançamento (sexta passada). Isso que dá ter febre. Emocionei-me bastante. Talvez em grande parte porque decidiram contar algumas verdades, ou seja, mostrar que para chegar ao lugar em que estão, passaram por altos perrengues, de racionamento de comida a agüentarem goteiras na primeira fila da platéia, e deram duro para estruturar um teatro sólido, seja conceitualmente, seja materialmente (faltou falar que isso ocorreu em grande parte por escolherem o teatro questionador - eles bem que poderiam ter ido para a TV ou outros certos teatrinhos). Leitura obrigatória para quem quer seguir carreira teatral - o termo “carreira” é péssimo exatamente pq supõe uma estabilidade inexistente.

Acho que a melhor história fica por conta do fato do Ivam Cabral ter sido operador de bolsa, fiquei imaginando ele no telefone fazendo transações, e o Rodolfo Vázquez ser formado na FGV – a mensagem é: ainda dá tempo. Sonâmbulos, é a hora.

Queria deixar consignado em ata que Os Satyros são a companhia mais fantástica e humana desses Brasis dentro de meu curto espectro de visão. Tenho um respeito monstro pelo trabalho deles e sempre sou contaminada por aquela energia que nasce se sabe de onde. Agora irei atrás dos livros de literatura do Guzik: Risco de Vida (Globo) e O que é ser rio e correr (Iluminuras).

BOBAGENS: E no almoço de domingo, uma das pérolas foi a idéia de se lançar o “Tarô Revisitado – versão 2007” – aí teria a “Carta do Blogue”. A tal carta expressaria o que você quer que as pessoas pensem sobre o quê você gostaria de que pensassem sobre você. O blogue e a farsa, nada mais natural no mundo do social contact.

Fotos do Lançamento: Os Satyros








A Chegada do Imperador

Em 2007 o Peixe de Aquário estará na UOL: http://peixedeaquario.zip.net

O Imperador Amarelo está aí e ninguém mais tira, estaja ele pelado montado em cima de um cavalo (e possa ser processado por isso) ou muito bem vestido. A terrível constatação que "2007 vai ser o ano" tem lá seu arrimo na existência da Imperador Amarelo, uma produtora - nome impreciso este - que reúne a Editora Fina Flor e o Selo Demônio Negro, leia-se o trio Cristiane Lisboa, Binho e Vanderley Mendonça. O plano é ganhar dinheiro, muito dinheiro para realizarem publicações, design, estamparia, coisas finas em suma e ainda publicarem escritores de maneira absolutamente decente.

No dia teve também lançamento do livro do Ademir Corrêa – a edição é uma cadernetinha azul com letras douradas, vinha dentro de um saquinho plástico fecho zip, acompanhada de uma maçã e o melhor: um adesivo de geladeira com o poema abaixo em frases destacáveis. Fino. Nem preciso dizer que distribui quase todas as frases destacáveis no lançamento do Zona Branca do Ademir Assunção no Parlapatões, Pça. Roosevelt, mas nessa hora minha máquina já estava sem bateria...

poema da terceira série

quando eu fui abusado parei de espiar pela fechadura
quando eu fui abusado a minha mãe teve que ser dura
quando eu fui abusado a minha irmã não brincou mais comigo
quando eu fui abusado perdi meu melhor amigo
quando eu fui abusado nunca mais deitei por dinheiro
quando eu fui abusado coloquei a roupa ligeiro
quando eu fui abusado a dor foi maior do que o grito
quando eu fui abusado saí correndo aflito
quando eu fui abusado me escondi de medo
quando eu fui abusado resolvi contar este segredo
quando eu fui abusado falaram que era feio mentir
quando eu fui abusado vi que eu devi sumir
quando eu fui abusado alguém disse a palavra "perverso"
quando eu fui abusado resolvi transformar tudo em verso
quando eu fui abusado o meu pai não ficou de castigo.
Só. Eu.

O que a Wikipédia traz sobre o Imperador-Amarelo-ele-mesmo são previsões sólidas: “Durante o seu reinado Huang Di interessou-se especialmente pela saúde e pela condição humana, questionando os seus ministros-médicos sobre a tradição médica da época”. Fora de seqüência, fotos da quinta passada e desejos de grandes anos.






18 dezembro 2006

ISBN: Serviço de Utilidade Pública

Em 2007 o Peixe de Aquário estará na UOL: http://peixedeaquario.zip.net

Escritor não fica parado, apesar do senso comum achar que escritor bom é escritor morto.


Como recebi algumas perguntas sobre “como se faz para ter um ISBN” por conta do Edital da Petrobrás, aí vai o serviço de utilidade pública do Peixe: (sim, publiquei o Rasgada de forma independente e tenho o tal selinho mala. Foi o Fabio Aristimunho que na época cuidou do troço)

O QUE É: O International Standard Book Number - ISBN é um código internacional de catálogo de livros para que cada livro seja passível de identificação em qualquer lugar do globo terrestre (uau!), mas que acaba sendo mais uma taxa para nós (uó!).

ONDE? ISBN deverá ser providenciado junto à Biblioteca Nacional. O link é este: http://www.bn.br/site/default.htm – está dentro do menu "Serviços a Profissionais" e depois "Agência Brasileira de ISBN". Sobre prazos e preços, a consultar no site. Eu telefonaria para confirmar: (21) 2220-1707 ou 2220-168. Por volta de módicos R$ 140,00 para quem pode.


COMO? O procedimento é simples: basta preencher os formulários do próprio site, imprimir tudo e colocar no correio com o comprovante de depósito da taxa. Em alguns dias chegará na tua casa um pedacinho de transparência com o desejado código de barras.

Agora sério: o que foi essa exigência da Petrobrás?

O Edital da Petrobrás já foi comentado hoje pelo Ricardo Aleixo e o Marcelo Sahea:
(esse trecho é reedição de meu post às 13h, meu tom antes não estava à altura dos comentaristas abaixo - afinal o bom de blogue é poder reescrever, como já disse o Sahea ainda hoje, hehe).

"O que não está bem, ainda, mas pode ser revisto, já para a próxima edição, é o papel reservado às editoras. Explico: só podem se inscrever aqueles escritores que, além de terem pelo menos um livro publicado - com ISBN -, anexem uma carta-compromisso de editora "devidamente estabelecida de acordo com as leis brasileiras". Estas, no caso de aprovação do projeto, receberão um valor de quatro mil reais para editar a obra, podendo, também, comercializá-la posteriormente". Ricardo Aleixo leia na íntegra aqui

"O que não está bem, ainda, mas pode ser revisto, já para a próxima edição, é o papel reservado às editoras. Explico: só podem se inscrever aqueles escritores que, além de terem pelo menos um livro publicado - com ISBN -, anexem uma carta-compromisso de editora "devidamente estabelecida de acordo com as leis brasileiras". Estas, no caso de aprovação do projeto, receberão um valor de quatro mil reais para editar a obra, podendo, também, comercializá-la posteriormente. (...) Eu seguirei produzindo e publicando (com ou sem editora). Por amor e fé no que faço e, principalmente, por necessidade. Não ficarei, absolutamente, me lamentando como um passarinho (como diz o poeta Douglas Diegues). Faço votos e, sinceramente, desejo que nos próximos programas culturais esse item seja revisto. Se for o caso, eu entro nessa. Fica esse texto como sugestão.

Quero deixar claro que, mesmo com essa falha, acho louvável a iniciativa da Petrobrás, acho um grande avanço, e desejo vida longa ao projeto. Que, por enquanto, ao que parece, não é pra mim, que não tenho ISBN. Até publico meus textos no Overmundo, que é um site muito legal, patrocinado pela". Marcelo Sahea leia na íntegra aqui

15 dezembro 2006

o que não precisa dizer

Em 2007 o Peixe de Aquário estará na UOL: http://peixedeaquario.zip.net

O GG disse que o Estadão já noticiou com uma página cheia do Caderno 2 aqui. O Dimenstein contou no rádio que minha mãe falou. Na Folha, o Calligaris rasgou-se pelas mesas de bar na Pça Roosevelt que li no blog do Ivam aqui. E Inocência foi premiada pela APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte como melhor espetáculo do ano (muita justiça! para quem precisa de prêmio para acreditar, agora vá assistir).

Ou seja, não precisa dizer.

Quem estiver em São Paulo e não for hoje entrar na fila de autógrafos para receber um beijo do Ivam Cabral e do Alberto Guzik... só não vai quem já morreu. ou virou imortal.

EM TEMPO Leia no blog Dragão da Janela do Geraldo a íntegra do Manifesto da Poesia Alheia suscitado ontem.

14 dezembro 2006

um poema alheio

A foto é do Tiago Macambira.

A minha mais querida turma de amigos é o povo da Academia de Letras, viva ainda dos idos 199.. na época em que fazíamos Direito. Apesar do esteriótipo mais comum ser sobre pessoas sérias, sempre mostram o quando atrizes e maloqueiristas são tímidos perto de suas ações avassaladoras por aí. E graças a deus continuam uns malucos até hoje e grandes culpados de muitas coisas que faço ou escrevo.


Em 2005 criamos um troço que era o MANIFESTO DA POESIA ALHEIA (o yahoogroup não me permitiu recuperar o texto original). A idéia é simples: pega-se um texto e faz-se um poema chupinhando tudo o que for possível do original, de preferência mantendo-se frases inteiras. O que é deveras original em épocas de creatives commons e outras liberalidades.


O Paulo M fez um a partir da leitura de um texto que a Cristiane Lisboa postou hoje. Ficou legal, para você:


fui dama de honra

oito ou nove vezes
(sempre variando
entre o cabelo chanel liso
e cachinhos presos
por tiaras de fitas de cetim).

as noivas me disputavam:
eu tinha um guarda-roupa
exclusivo para casamentos
e luvas de voal branco.

havia fotos minhas
em quase todas as casas
da cidade.

pessoas me comprimentavam na rua
e desconhecidas me queriam
em seus casamentos.
(jamais tropecei no tapete vermelho
ou esqueci as alianças).

aí, comecei a usar sutiã.
e descobri que a fama é volátil
como pó de tatu bola.

13 dezembro 2006

Literatura é Isto e Aquilo

Em 2007 o Peixe de Aquário estará na UOL: http://peixedeaquario.zip.net

Ao contrários dos que são nomeados "consciência infeliz", nutro grandes esperanças entre meus companheiros taciturnos por este mundo caduco. E fatos sempre confirmam isso, ao menos da minha maneira de narrá-los por aí.


Primeiro é o aniversário do O Casulo - Jornal de Poesia Contemporânea, que agora consegui patrocínio e poderá ter mais independência editorial - ninguém mais segura a dupla Andréa Catropa e Edu Lacerda, que sei bem quantos anos faz que lutam por isso, desde a revista Metamorfose na Faculdade (lembra?). E todo mundo que os ajuda e que fazem o bichinho com muito amor.

Segundo são certos buxixos que ouço pela cidade.

Terceiro são parcerias que se formalizam e que mudam a vida de muita gente que escreve. Quem não conhece os frutos e as gentilezas dos dois editores Cristiane Lisboa e Vanderley Mendonça? Pois é, aí vai o convite:

.....Literatura é Isto e Aquilo
.....Parceria entre as Editoras Demônio Negro e Fina Flor
.....Quinta-feira, 20h, Galeria POP. R. Virgílio de Carvalho Pinto, 297


E quinto, na mesma quinta-feira, acaba-se no bar nos Parlapatões, Pça. Roosevelt:

Lançamento do Zona Branca, de Ademir Assunção. Com Mario Bortolotto, Rodrigo Garcia Lopes, Daniella Angelotti, Marcelo Montenegro, Madan, Renato Gama, Marcelo Amalfi e Edvaldo Santana.

(Ainda não conto ainda de sexta pq senão a gripe ficará com ciúmes!)


E no clima dramático de final de ano, ouça Mãos Dadas recitada pelo Drummond: aqui

11 dezembro 2006

sobre a Virna

(1) Não percam o especial de Natal nos Doces Enjoativos com Menina Jesus de Daniel Candeias.
(2) Ontem não consegui ir no aniversário do Casulo, gripe ainda, ai, ai.
-
-.
....calçada

....vermelhas
....as sandálias de marca-páginas

....suas pernas
....onde foi que paramos mesmo?
-
-

Redigi esse poema para um amigo, mas ressoando a Virna Teixeira nos ouvidos – fiz uma pesquisa sobre a obra dela com o Antonio Vicente (FFLCH-USP) e tive que ler várias vezes o Distância (2005) e o Visita (2000), ambos pela 7 Letras. Sua poesia tem um ritmo diferente para a leitura, não dá para se ler a Virna com pressa ou com desatenção.

É uma poesia concentrada em imagens, cujo cenário quem encaixa é a cabeça do enunciador, um quebra-cabeça em que o silêncio tem um peso grande, aquele espaço que separa as pecinhas em cima da mesa, que sem ele não existiria o próprio quebra-cabeça.
-
Por isso, pensei o poema de ontem (Entrevista por Correspondente) a partir do trabalho com a disposição das palavras: no início como a Virna - de forma a desenhar o quadrilátero do quarto - e depois como eu mesma, em dois dísticos. Menos teoria e um pouco de Virna para você, que com sorte, pode ler diariamente no htt://papelderascunho.net:


....CALÇADA

....pequeno, o
....frágil
....corpo
....soluça

....vermelha,
....a flor
....entre os
....dedos
-
-

sargaços

foto Diego Carrera
Algumas palavras ressoam na cabeça até nos martelarem loucos. E a culpa de meus poemas sargacentos toda é do Alberto Guzik. Claro que a vida é mais melindrosa e na época nem sabia exatamente quem de onde vinham tantas odes marítimas rasteiras levantadas do fundo da minha infância. Mas estalou bem nítido o culpado, quando assisti pela segunda vez A Vida na Praça Roosevelt e ouvi a Aurora deslindar todo um verso sobre cheiro de areia molhada, sargaços, ah, era aquela voz! – umedeceu vários poemas desse ano (e caso encontrem bolor, o descuido é unicamente meu).

Hoje sei melhor como o processo ocorreu e acho engraçado de quando em quando encontrar um poema verde embolorado, ouço o timbre do Guzik, que nada mais era do que o ator que encarnava a Aurora. Esse poema também possui leituras sobre a obra da Virna, mas essa é outra história.


....Entrevista por Correspondente


você dispõe:

....................o quarto

....................os cantos

.............silêncios

lugares descalços


....–- palavras maceram palavras
....e eu conjugo errado:

....a menina suja a brincar nos sargaços
....as madrugadas de saia curta, pó e cansaço
-
-

sambaquis

Pronto! Conforme prometido, fotos da Rave na Casa das Rosas em:


Também já estou por dentro das fofocas, mas isso é coisa para o pessoalmente e ponto chiques. Queria discutir questões relacionadas a bolsas de incentivo e cia, mas preciso de mais fôlego. Continuo péssima de gripe, o que ainda não me impediu de escolher um poema do Antonio Risério. O poema é o n° 3 da composição Para o Mar, publicado no brasibraseiro, livro que ele e Frederico Barbosa escreveram a 4 mãos sobre essas paisagens, muito bom (poderia dizer que o livro ganhou o jabuti e tal, mas esse tipo de valorização não se aceita por aqui). O poema vai para dialogar com o post da Carol Marossi no Hay Tomates, que publicou um lindo do Frederico Barbosa. No momento, me sinto meio fanha, sambaquis submersos, então aí vai:


Para o Mar

3

Águas marinhas
sobem acima
do nível do mar.

Sambaquis submersos
na memória
das marés.

Barco sem saída
e eu aqui
nesse convés.
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-

10 dezembro 2006

A Casa das Rosas - 2 anos

Por conta de uma febre, daquelas que hoje em dia vem com o pacote gripe, não fui à rave na Casa das Rosas... Bem chato, tinha me preparado psicologicamente e tudo. Mas inúmeros queridos compareceram e quando houver fotos na net, linkarei.
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A Casa das Rosas completa 2 anos como um espaço dedicado à literatura, especialmente poesia, e quem está aqui em São Paulo sabe a diferença que faz. Com cursos, encontros e reuniões de grupos diversos promove certos diálogos que seriam impensáveis sem sua existência. Parabéns ao Fred Barbosa, ao Donny Correia e ao Eduardo Lacerda que sei bem o quanto ralam para isso tudo existir.
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No mais, na terça-feira, aniversário do O Casulo, espero estar ao menos nos 80% para comparecer.

08 dezembro 2006

Labirinto

"Mas suspeito que apenas alguns sairão abalados pelo golpe final, uma declaração quase insuportável de que a realidade e a imaginação estão divididas por um abismo instransponível e já não podem ajudar uma à outra nos dias de hoje; de que só resta, à imaginação fantasiosa, a nobre função de fuga dos horrores da vida real; de que uma e outra não podem mais andar de mãos dadas. A ficção está morrendo, ou, para não soar dramático demais, cada vez mais perdendo o valor ("O seu livro é autobiográfico?”, me pergunta um fantasminha nesse momento, com um sorriso cheio de sarcasmo estampado na cara - ele sabe, como eu, que a resposta não existe)".

Peguei esse trecho no blog do Galera, quando ele comenta O Labirinto do Fauno, filme de Guillermo del Toro - tem muito a ver com meu espírito por essa manhã. A foto é da Sissy Eiko.

Hoje cedo minha mãe contou aquela história dos jornais, da mãe de 21 anos em Taubaté que foi acusada de matar a filha dela, de dar cocaína para a menina. Que foi presa durante 1 mês. Que apanhou durante 37 dias presos. Que ganhou o apelido de monstro da mamadeira. Que teve o tímpano furado com uma caneta bic pelas detentas. Que teve o maxilar quebrado pelas 18 companheiras de cela. Que na verdade foi estuprada pelo residente e teve que ficar quieta. Que na verdade nunca deu cocaína para a filha. Que na verdade a filha morreu por excesso de remédios. Que na verdade ela seguia a receita. Que na verdade era um erro médico. Que na verdade era um boletim de ocorrência mal feito. Que na verdade era uma menina de 21 anos estuprada. Que na verdade a menina se chama Victória. Que na verdade era uma mãe que perdeu a filha. E que isso é verdade.

E depois?

A Bíblia nos responde com o "E disse-me: estas palavras são fiéis e verdadeiras; e o Senhor, o Deus dos santos profetas, enviou o seu anjo, para mostrar aos seus servos as coisas que em breve hão de acontecer." (Apocalipse 22.6)

E a gente responde com o quê, com ficção?
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07 dezembro 2006

incentivos

Bem, conforme já discutiram o Ademir Assunção e o Fábio Aristimunho, Políticas Públicas de Fomento são raras e muitas vezes extremamente burocráticas. E cabe muito a nós lutar por isso continuar, melhorar e brigar por nosso peixe.

Destaco 2 matérias que tratam disso:
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  • A matéria da Carta Maior aqui
  • Ilustrada, Folha de S. Paulo: Aprovados no PAC sofrem com filas - Havia apenas sete funcionários para atender aos 500 premiados do programa de patrocínio do Estado aqui
E como já foi anunciado em vários sites, a Petrobrás lançou os Editais de Bolsas de Criação literária – mais uma batalha no preenchimento de formulários e conseguir levantar papéis, editora, ISBN... será que um dia quem serão escritores que redigirão esses editais? Ao menos iria ser mais engraçado. Ou não.

Dessa maneira, quem está aqui em São Paulo é obrigado a ir na RAVE Cultural na Casa das Rosas no sábado - a gente tem que reafirmar o que é nosso: www.casadasrosas.sp.gov.br.
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andanças

Cheguei em casa após andanças com os Maloqueiristas clássicos. Para vocês verem que nem só de poesia vive o homem, duas caricaturas feitas pelo Berimba de Jesus: Caco Pontes e yo – ou seja, além de emagrecer, tenho que melhorar a fachada inteira, hahá.

E no melhor do ritmo da mandinga do Fabio Aristimunho abaixo, escrevi uma resposta para o poema do Joca, postei nos Doce Enjoativos. clique aqui

....BOCA & PLÁGIO

....Barangueiro
....(até) de idéias:
....não fale perto
....senão eu cato.
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06 dezembro 2006

mares orientais

Os trabalhos não me deixam hoje datilografar muito. Na linha pseudo-sentimental rumo ao final do ano (depois dedicarei tempo ao ódio crescente a corais de escola que cantam em shoppings, pais orgulhosamente entregam os pimpolhos embaladinhos), aí vai um poema do Joca Terron, poema sim, e curto.
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Mare Orientale

II.
Na parte que não te toca o sol
tocarei-te eu, enfim. Entrededos como
fêmur em carne e remo n'água:

Rumo ao extremo de ti
em busca de mim.
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retirado Cuatro Poetas recientes del Brasil, da Black & Vermelho, trad. do Cristián de Napoli.

O poema inteiro, digo Parte I e II, está no Doces Enjoativos.
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05 dezembro 2006

Postagem n° 101 - Outras Margens da Poesia

Procurei outro poema para gatos, mas estou com espirrando, rinite, e isso deve ser um mau sinal. De qualquer forma, coloquei no ar no domingo as fotos do SUPERCOISA 00 - conforme descrito pela Dani Oswald (aliás, entrevistada pelo O Casulo leia aqui):

"E queria dizer publicamente que a tarde do SuperCoisa00 foi o melhor evento de poesia/literatura que já fui. Achei muito interessante a conversa com a Fabi Faleiros e o Berimba, depois a Catropa puxou o debate de poesia latiamericana com a Virna e a Camila Valle, acho que fluiu muito bem, apesar das pessoas se preocuparem um pouco com horários/ordem. Mas a tarde foi muito produtiva também; rolou um lance de tentarmos achar um lugar fixo para a venda de formatos alternativos (plaquetes & afins), Catropa encabeçando. Se der certo mesmo (e vai) na minha opinião será um passo muito importante na poesia brasileira - finalmente teremos ONDE comprar os novíssimos e suas produções novíssimas e não publicadas em livro".







Também no ar estão as fotos do debate A Outra Margem da Poesia, organizado pela Poesia Maloqueirista - leia-se: Berimba de Jesus, Caco Pontes e Pedro Tostes. No debate estavam Carlos Careca (músico), Marcelino Freire (escritor), Mauro Sérgio (Grafiteiro), Pedro Paulo Rocha (cineasta) e Tiago Mine (poeta de rua). Como mediador, o Prof. Dr. Antonio Vicente Pietroforte (FFLCH-USP).





Para quem, não conhece os maloqueiros, eles estarão hoje na Casa das Rosas, 20h, no último Rompendo o Silêncio do ano. O ciclo é iniciativa do Frederico Barbosa e do Antonio Vicente Pietroforte e propõe trocas entre as margens do rio que separam a Cidade Universitária do resto de São Paulo.


03 dezembro 2006

visitas a rios de minha aldeia

Hoje a Av. Paulista completa 115 anos. O que essa data me faz perguntar é como que quanta gente de fora de São Paulo agüenta ler esse blog. Sim, grande parte dos visitantes mora longe, basta clicar no ícone ‘sitemeter’ ao final da página que mantenho estatísticas de acesso abertas. E eu quase só escrevo sobre eventos e acontecimentos aqui pertinho. E diferente de grandes amigos meus, sou uma das poucas paulistanas da turma.

Mas também gosto de ler sobre outras paragens, Rio, Salvador, Manaus, Maputo. E realmente sinto que não tem nada demais escrever sobre a minha vidinha de poucas estações de metrô e ônibus, entre a Av. Paulista, onde trabalho diariamente há 7 anos e o Centrão, onde estudei, sobre a Pça. Roosevelt, com incursões por Butantã-Pinheiros e moradia na Vila Madalena. Enfim, não dá para se falar de rios de outras aldeias.

E sobre rios de minha aldeia, aí vão quatro visitas:

primeira: o Paulo Ferraz agora mantém um blog! Grande parte de meu novo livro de poesia, Saraivada, serve para responder poemas que o Paulo escreveu e que eu gostaria de reescrever com outra dicção ou ponto de vista. aqui: http://denovonada.zip.net

segunda: o Dirceu Villa escreveu “uma reflexão sobre salieri e três poetas novos”: traça uma digressão sobre a questão do elitismo, da questão da hostilidade entre artistas e julgamentos sobre o que pode ser arte, no caso, poesia.
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O Dirceu exemplifica seu ponto de vista a partir de análises de poemas de 3 poetas novos, a Angélica Freitas, o Ricardo Domeneck e com essa que te escreve. no Germina, leia aqui

Ainda do Dirceu Villa, estão ótimos os textos do Naberlinda: um conto, O dia em que o Cardeal Ratzinger acordou com dois chifres na cabeça, e uma tradução: encontraram texto que se supõe continuação do Drácula de Bram Stoker, descobertas sobre autoria que eriçam o meio acadêmico. Verdades ou não, o Dirceu traduziu a primeira carta, do Dr. Van Helsing a Jonathan Harker. leia aqui

terceira: o blog do Gegê. Faz um tempo, criamos um “blog-surpresa” ao Fabio Aristimunho, o Medianeiro, blog que pegou, como você deve saber. Bem, agora presenteamos um blog de “inimigo-secreto” ou algo que o valha para o Geraldo Vidigal, que escreve muito bem e não sai “do armário enquanto poeta”. Agora sai. http://dragaonajanela.blogspot.com

quarta: link da Folha Online sobre o livro “50 poemas escolhidos pelo autor” de Manuel Bandeira, que será publicado pela Cosac com um CD. No link, é possível escutar o poeta ele-mesmo recitando seco, meio bravo e com cantigas no meio, as meninas que cantam as roseiras, o pregão. Diferente. Arrepiei. ouça aqui

02 dezembro 2006

Poema para o Gael, o Gato Azul

A Gatologia na poética é algo gritante – todo poeta que se preze já escreveu um poema sobre gatos. Mesmo que goste mais de cachorros, como é meu caso. Já tentamos montar uma gatologia com autores famosos, mas perdi o arquivo em algum lugar, peçam ao Fabio Aristimunho ou ao Paulo Ferraz que são mais organizados.

Particularmente tenho uma terrível alergia aos bichanos e quase morro espirrando toda vez que compartilho mesmo metros quadrados. O Gael já ganhou um poema do Gegê,
leia aqui no Dragão na Janela, mas esse escrevi hoje bem cedinho, quando cheguei em casa, dado que o pobre tem sido vítima de pregadores em sua cauda e que me acusam de não escrever mais poemas de amor. Esse daí ainda sofrerá reparos.


Lições de Desprezo segundo Gael, o Gato Azul

a tua paixão é um novelo de lã
que desfio macio entre garras

e te enforco - uma bola de pêlo na garganta

com o profundo no te quiero
com os olhos cheios de blues
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Desconcertos na Pça. Roosevelt - dia 25.11.2006







01 dezembro 2006


o peixe de aquário sofrerá mudanças logo, logo. hum, o que será?

deixo aqui a foto do diego carrera e indicação para lerem meu poema de amor frustrado que publiquei no doces enjoativos, blog que mantenho com o doido-coisa-sofa do del.